black thoughts

caramelo

outubro 23, 2010

- Aveiro -
Há tanto que aqui não escrevo, sentia-me dormente. A vontade de transparecer neste ecrã todos os meus pontos fracos assombra-me, mas preciso disto e não vale a pena recusar-me. As palavras divulgam a minha verdadeira silhueta, e eu não sou capaz de as proteger do tempo.
O tempo avança, não tem piedade de mim nem dos outros e sei que preciso disto para moldar este pedaço de ser que eu sou. É difícil. O tempo passa, mas eu não quero que passe porque sei que assim vou deixar gestos para trás. E pessoas que estão e depois vão, só porque eu não sou forte o suficiente para lhes agarrar os pulsos, os ombros, os braços, as pernas e mantê-las comigo para sempre. O sempre que não existe.
Talvez um dia consiga fazer disto um diário, concretizar planos que magicam na minha cabeça como pequenas peças de puzzle desencaixadas. Eu sou uma delas, estou desencaixada e é difícil encontrar o momento certo de encaixe.
E tudo é lixo, os momentos, as palavras, as expressões. Inutilidades de um momento só, de um sonho apagado, de um candeeiro que alumia a alma que deambula em mim.
Hoje sinto-me escura e só quero uma coisa.
Quero focar os mil pontos que estão à minha frente, saber distingui-los do resto do mundo e preservar essa imagem de ti, até que o tempo me esgote.