alma

chuva

dezembro 22, 2010

Hoje estou a chover. Não vale a pena vires de mansinho, por entre as minhas gotas de chuva, puxares-me para ti e abrigares-me por baixo do teu chapéu de chuva. É tarde de mais. A chuva que me cai inunda-me de tudo, de nada. Estarei livre quando a nuvem passar? A minha chuva, as minhas lágrimas, o meu suor estão a lavar-me do que eu não quero. Quero ter coragem de salvar o que a àgua me está a tentar roubar. Sou forte. Luto contra a natureza e sou fraca, sufoco, afogo-me. Quero que me salves, quero que voltes. Volta! Hoje estou a chover, o meu cabelo molhado, o meu corpo ensopado. Não acredito que me escorres e és demasiado escorregadio para te impedir de escorregar. Diluis-te no chão e não sou capaz. Diluis-te no meu coração e eu chovo, chovo até a dor passar.

adeus

adeus amor

dezembro 09, 2010

Hoje, hoje não te conheço. Partilhei contigo o meu âmago, a minha carne, o meu devaneio. Foste meu confidente de todas as horas vagas, todas as horas mortas, todas as horas livres. Todas, todas as horas. Foste metade de mim quando ansiava por me sentir completa. Foste o sonho de uma noite de Verão, de Inverno. Foste um sonho. Tropecei-te, sussurei-te, rejeitei-te, quis-te como louca, amei-te. Foste o meu companheiro e eu a tua companheira, até ao dia em que deixei de reconhecer em ti o meu confidente, a minha metade, o meu sonho. Já não és o meu companheiro da solidão, da ausência, do meu fim.
Como posso não reconhecer o rosto que tenho na minha frente? Estás desfigurado, transfigurado, diferente, mudado, de tudo o que eras no antes, no nosso antes. Não posso pedir que voltes, a revolta é demais que volta todas as noites para me fazer andar às voltas sem te voltar a encontrar. É tempo de virar costas, de dizer-te adeus. Um adeus só, tão só, de mim para ti.

amor

sorte

dezembro 03, 2010

Hoje sinto-me a flutuar. Quero que sejam os teus braços a suportar-me nesta queda livre. Não me sinto capaz de cair com o meu corpo no chão, levantares-me e sentir o coração dorido. Wish me luck, love. Vou abandonar-me ao vento, e talvez consiga encontrar-te por aí, quando me apanhares, como quem apanha uma borboleta.

black thoughts

scream.

dezembro 02, 2010


Hoje é mais um dia em que me apetece gritar comigo própria e dizer que amanhã vai ser o melhor dia da minha vida. O tempo passa e tudo permanece, nem tu nem eu ficamos mais próximos e o abismo que se estende entre nós está cada vez mais profundo. Eu luto, tu lutas. Mas não somos fortes o suficiente para abarcar as barreiras que se estendem para lá de nós. Por agora, luto com o meu interior e sento-me, abraçada a mim, esperando levantar a cabeça e encontrar a tua mão. Nesse dia , seguir-te-ei sem olhar para trás.

white thoughts

welcome, december.

dezembro 01, 2010


Bem-vindo Dezembro. Contigo veio o frio, a neve, o espírito natalício e a vontade de deixar tudo para trás. É isso que me alicia juntamente com os sonhos, os coscorões e as fatias douradas de uma mesa qualquer de uma casa qualquer. 
Despir-me do casaco de peles que me cobre a pele nua, e despir-me de tudo o que me pesa. Tenho pressa de entrar na casa que ontem abandonei e espalhar a minha vida pelo chão, deixar o meu cheiro pelo ar e encontrar-me contigo à janela. No vidro embaciado pelo meu bafo quente, espero poder delinear o teu jeito e dizer-te que serei capaz de ir embora. 
E lá fora tudo parece demasiado perfeito, coberto de laços e sonhos tão maiores que o mundo. Dezembro, não tarda amanheces e contigo irei acordar com o desejo  de soltar à vida a criança entranhada em mim. E eu quero .. eu preciso que me deixes ser.

black thoughts

stay away.

novembro 05, 2010


Hoje é um bom dia. Hoje faço parte do retrato. Disseste-me um dia, nesse teu jeito tímido, que o mundo lá fora é só para os fortes. Não tenho medo porque sei que a força cresce em mim à medida que o tempo me cria uma crosta dura para conseguir enfrentar a vida.
O sonho foi bom. As memórias, dizem que ficam, mas a mim pouco resta. Sei que quando te vir a atravessar a rua em direcção a mim, eu vou virar a cara e fingir que não te conheço. Nessa altura estarei demasiado forte para me deixar amolgar pelo amor.

black thoughts

caramelo

outubro 23, 2010

- Aveiro -
Há tanto que aqui não escrevo, sentia-me dormente. A vontade de transparecer neste ecrã todos os meus pontos fracos assombra-me, mas preciso disto e não vale a pena recusar-me. As palavras divulgam a minha verdadeira silhueta, e eu não sou capaz de as proteger do tempo.
O tempo avança, não tem piedade de mim nem dos outros e sei que preciso disto para moldar este pedaço de ser que eu sou. É difícil. O tempo passa, mas eu não quero que passe porque sei que assim vou deixar gestos para trás. E pessoas que estão e depois vão, só porque eu não sou forte o suficiente para lhes agarrar os pulsos, os ombros, os braços, as pernas e mantê-las comigo para sempre. O sempre que não existe.
Talvez um dia consiga fazer disto um diário, concretizar planos que magicam na minha cabeça como pequenas peças de puzzle desencaixadas. Eu sou uma delas, estou desencaixada e é difícil encontrar o momento certo de encaixe.
E tudo é lixo, os momentos, as palavras, as expressões. Inutilidades de um momento só, de um sonho apagado, de um candeeiro que alumia a alma que deambula em mim.
Hoje sinto-me escura e só quero uma coisa.
Quero focar os mil pontos que estão à minha frente, saber distingui-los do resto do mundo e preservar essa imagem de ti, até que o tempo me esgote.

abrigo

avesso

março 10, 2010

- Vila Nova de Milfontes -
Dei por mim do avesso.
Ao contrário de tudo o que era o meu mundo, bem longe de mim e atravessada na tua garganta. Voltas e reviravoltas que eu queria que não voltassem, um grito de revolta que lateja na minha veia, e eu calo, calo tudo o que o meu coração bombeia porque sei que a minha força sufoca e eu sinto, sinto que na alma que tenho o espaço vagabundo é teu.
Sou vadia do meu próprio ser e o meu porto de abrigo és tu, feito de palhinhas e pedaços de ti proteges-me da chuva que me cai dos olhos e do vento desassossegado que me aperta o peito. Estou do avesso, transpareço a minha parte de dentro e adormeço com a parte de fora virada para o interior. No fundo, no fundo sei que não me irás retorcer!

alma

canibal

fevereiro 21, 2010

- Metro de Lisboa -
E quando menos esperamos ele morde-nos o coração sem piedade, arranca-nos pedaços como estivesse esfomeado. E temos medo, medo de não conseguirmos satisfazer tal fome. Quando o amor é a nu e a cru, tudo se torna transparente e qualquer parte de mim quer sentir, quer tocar, quer amar mais e mais e mais. É canibal, é índio, é selvagem. O espírito eleva-se e reconhece que o futuro é para depois, e o passado foi devolvido para sempre. O nosso amor chegou de mansinho, rói-me a alma e faz de mim uma pessoa maior. É canibal, e eu entrego-me . Hoje e sempre!

amor

não caias sem que eu te possa comer

fevereiro 08, 2010

- Gerês -
Este blogue está suspenso num ramo de uma árvore que eu conheço lá do jardim da minha vida. Ainda não está maduro mas eu não me importo, espero o tempo que precisar até o poder colher. E sentir na minha boca o sabor doce das palavras que dele descasco. Os tempos são outros, o passado já passou por mim e envelheceu-me o espírito, a árvore desflorou outras tantas memórias e enrugou-se nos seus próprios ramos. Oh blogue! És o fruto que sempre quis saborear, esbanjar-te de palavras e sentimentos, subir à arvore e agarrar-te como regalo de todo o meu antes. És meu, sempre. Plantei-te de pequenino, e cresceste numa árvore que não a tua. Prometo que tudo farei para que não apodreças.

borboleta

tu

fevereiro 04, 2010

- Vila Nova de Milfontes -
Cheguei, sentei-me na cama e pus o computador no colo. A música a tocar, o volume baixo e esperei que algum movimento desabrochasse da ponta dos meus dedos. E consegui! Não vou pensar muito no que vou escrever porque o que sair para a tela é mesmo o que eu quero, matéria-prima, nua e crua e ausente de qualquer pensamento prévio e que me faz robotizar os sentimentos e as frases que deles derivam.

Conheci-te à tão pouco tempo e já preciso tanto de ti. Por favor não vás sem avisar , chegaste de mansinho e trouxeste essa trupe de borboletas que me assombra o peito e o estômago. Não as leves de mim!

alma

sei lá

fevereiro 03, 2010

- Lagoa de Óbidos -
Traçam-se rascunhos de planos a desenvolver a dois, nascem expectativas envoltas em utopias que cremos como verdades, apenas nossas, mas verdades. O mundo é nosso e a vida só faz sentido se formos duas metades desse mesmo mundo, dessa mesma vida. O sonho não permanece como sonho, porém revela-se como a realidade futura e que nós temos a certeza que irá existir porque somos mais fortes que tudo, mais fortes que todos. E a emoção de nos pertencermos resvala pelas nossas mãos quando alguém quebra a nossa felicidade que até ali era genuína, e o pior, o derradeiro é se o estilhaçar das nossas almas for provocado pela outra metade. Ficamos incompletos, abandonados a um cataclismo emocional que antecipadamente já sabemos que não iremos suportar. É um fosso colossal que se estende no nosso interior e quanto mais nos apertarmos para nós maior é a sensação de termos uma parte do nosso mundo a desvanecer-se. A vida desaba, deixamos de crer no amor, no sentimento. Sabemos que não somos fortes o suficiente para aguentar a dor de perder mais uma vez. Estamos incompletos, parte de nós, metade de nós já se dissipou por outro mundo fora e a metade que nos resta vai-se esbatendo num vazio vicioso. É o vazio que sobra, seco e duro, o nosso corpo apático quer o outro de volta, ter reacção, amar. Contudo a oportunidade findou e a ela se juntou a força de sermos nós, independentes de partes e metades que nos desmoronam a vida e nos rasgam a vivacidade. Murchámos depois de consumidos pela dor e sabemos que por mais que a ferida cicatrize existirá sempre uma brecha que não nos deixará livres de ser outra vez. adeus ,para sempre.