alma

canibal

fevereiro 21, 2010

- Metro de Lisboa -
E quando menos esperamos ele morde-nos o coração sem piedade, arranca-nos pedaços como estivesse esfomeado. E temos medo, medo de não conseguirmos satisfazer tal fome. Quando o amor é a nu e a cru, tudo se torna transparente e qualquer parte de mim quer sentir, quer tocar, quer amar mais e mais e mais. É canibal, é índio, é selvagem. O espírito eleva-se e reconhece que o futuro é para depois, e o passado foi devolvido para sempre. O nosso amor chegou de mansinho, rói-me a alma e faz de mim uma pessoa maior. É canibal, e eu entrego-me . Hoje e sempre!

amor

não caias sem que eu te possa comer

fevereiro 08, 2010

- Gerês -
Este blogue está suspenso num ramo de uma árvore que eu conheço lá do jardim da minha vida. Ainda não está maduro mas eu não me importo, espero o tempo que precisar até o poder colher. E sentir na minha boca o sabor doce das palavras que dele descasco. Os tempos são outros, o passado já passou por mim e envelheceu-me o espírito, a árvore desflorou outras tantas memórias e enrugou-se nos seus próprios ramos. Oh blogue! És o fruto que sempre quis saborear, esbanjar-te de palavras e sentimentos, subir à arvore e agarrar-te como regalo de todo o meu antes. És meu, sempre. Plantei-te de pequenino, e cresceste numa árvore que não a tua. Prometo que tudo farei para que não apodreças.

borboleta

tu

fevereiro 04, 2010

- Vila Nova de Milfontes -
Cheguei, sentei-me na cama e pus o computador no colo. A música a tocar, o volume baixo e esperei que algum movimento desabrochasse da ponta dos meus dedos. E consegui! Não vou pensar muito no que vou escrever porque o que sair para a tela é mesmo o que eu quero, matéria-prima, nua e crua e ausente de qualquer pensamento prévio e que me faz robotizar os sentimentos e as frases que deles derivam.

Conheci-te à tão pouco tempo e já preciso tanto de ti. Por favor não vás sem avisar , chegaste de mansinho e trouxeste essa trupe de borboletas que me assombra o peito e o estômago. Não as leves de mim!

alma

sei lá

fevereiro 03, 2010

- Lagoa de Óbidos -
Traçam-se rascunhos de planos a desenvolver a dois, nascem expectativas envoltas em utopias que cremos como verdades, apenas nossas, mas verdades. O mundo é nosso e a vida só faz sentido se formos duas metades desse mesmo mundo, dessa mesma vida. O sonho não permanece como sonho, porém revela-se como a realidade futura e que nós temos a certeza que irá existir porque somos mais fortes que tudo, mais fortes que todos. E a emoção de nos pertencermos resvala pelas nossas mãos quando alguém quebra a nossa felicidade que até ali era genuína, e o pior, o derradeiro é se o estilhaçar das nossas almas for provocado pela outra metade. Ficamos incompletos, abandonados a um cataclismo emocional que antecipadamente já sabemos que não iremos suportar. É um fosso colossal que se estende no nosso interior e quanto mais nos apertarmos para nós maior é a sensação de termos uma parte do nosso mundo a desvanecer-se. A vida desaba, deixamos de crer no amor, no sentimento. Sabemos que não somos fortes o suficiente para aguentar a dor de perder mais uma vez. Estamos incompletos, parte de nós, metade de nós já se dissipou por outro mundo fora e a metade que nos resta vai-se esbatendo num vazio vicioso. É o vazio que sobra, seco e duro, o nosso corpo apático quer o outro de volta, ter reacção, amar. Contudo a oportunidade findou e a ela se juntou a força de sermos nós, independentes de partes e metades que nos desmoronam a vida e nos rasgam a vivacidade. Murchámos depois de consumidos pela dor e sabemos que por mais que a ferida cicatrize existirá sempre uma brecha que não nos deixará livres de ser outra vez. adeus ,para sempre.