demónios

junho 03, 2012

Há demónios com os quais não sei como lutar. E os cadernos, as folhas, o branco começa a ser preenchido. E o vazio, aos poucos, torna-se cheio. Cheio de nada, cheio de inutilidades, cheio de vazio. Há demónios que me perseguem. Deixo para trás as histórias que eles protagonizam. Não os apago de mim, não os esqueço, apenas adormento-os no meu peito, num lugar quente, quieto.
Não tenho medo do que vem aí, tenho ansiedade. Vontade. Não tenho medo de abrir os livros empoeirados, com as folhas carcomidas pelo tempo, e descobrir que vinte anos passaram, que uma vida passou, que tantas vidas passaram. Mas que digo eu? Não suporto saber que o tempo passa, que a pele enruga, se amachuca com as pancadas do destino, que o corpo se encaracola para dentro a aninhar-se em si mesmo. Não suporto caminhar lado a lado com os demónios de uma vida, não suporto crescer. Mas tenho tanta vontade de fazer as malas, só mais uma vez, e sair, como saio sempre. Fecho a porta atrás de mim e tudo o que fui permanece fechado, até ao dia em que abro os livros empoeirados, com as folhas carcomidas pelo tempo e sinto que a vida passou. E eu passei com ela.

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3 comentários

  1. a vida é feita de portas que abrimos e portas que fechamos. Nem sempre abrimos um paraíso, nem tudo é feliz. restamos fechar a porta e tentar encontrar uma melhor :)

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  2. :) a vida é uma busca incessante por nós mesmos. tem de existir sempre alguma porta. Não podemos, simplesmente, estar.

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    1. tens razão, mas se a porta abrir algo de bom, não se deve fechar logo :)

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