pássaro

abril 06, 2011

Todos os dias são dias. E hoje é um dia de deixar ir. O meu âmago converge em si, sou do tamanho da palma da tua mão, fecha-a, fecha-me. Um dia vais poder abrir os braços, abrir as mãos, deixar-me voar. E eu farei de ti o mesmo. Talvez os movimentos das minhas asas se estejam a tornar repetitivos. Talvez até nem tenha asas. Quero suster-me em mim. Deixo-te ir. Faço figas, rezo baixinho, que o teu caminho não torne a mim, não serei capaz de te mandar de volta, outra vez.
A vida é esquisita. Sou pássaro de mim e sei que o meu canto baixo permanece em ti como o rufar do teu peito permanece em mim. O meu espírito livre não me permite. Vai, vai e não voltes.

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