outros

dezembro 20, 2012

- Metropolitano de Lisboa -
Costumo ir. No autocarro. Costumo ir e vou sempre a mirar os outros. Os outros. E imagino-lhes vidas e histórias. Imagino o que esconde cada corpo, cada idade. Costumo olhar sempre para as mãos, as mãos dos outros. Dizem que as rugas da cara se escondem, há truques e mezinhas. Mas as das mãos não. As mãos mostram a vida, contam histórias. Procuro sempre os olhos dos outros, a medo. Não sei o que escondem e não quero ser desvendada. Quero eu desvendar. E às vezes estão vazios, cheios de nada. E percebo que a história está lá, guardada, empoeirada, mas camuflada na descrença. No fundo não sei de nada, concreto, certo. Mas sei de tudo, sei da minha verdade, das histórias que crio para os outros. E depois cruzo-me comigo, e sorrio: imagino os outros, mas não me imagino a mim. Desconheço-me bem.

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