no topo - 2

abril 14, 2014

- Castro Verde -
E o mundo parece acabar. E o sentir parece um verbo não mais repetível. Um bando de pássaros espraia-se pelos céus, o silêncio não cala o bater das asas. Um cobertor quentinho que impede que o corpo se desmanche em pedaços de nada. Existe um buraco escuro, profundo, negro, dentro da alma, das entranhas, que engole a vida. O peito dói, pesado, é incapaz de suportar o tamanho da dor que carrega. Até ao dia em que a vida volte a bater à porta, num toque suave e lento, e que entre, pela calada, mas com a força de mil homens. Nada faz sentido. O caminho parece ter chegado ao fim, ao precipício. Não tenho coragem de saltar. Mantenho-me à beira, as pedras resvalam pelas paredes rochosas. Quero deitar-me ao vento. Quero que me salves. Não tenho coragem. Olho para trás, numa loucura espero encontrar a tua mão estendida. Quebraste a promessa, e agora estou sozinha, à mercê do salto. Salva-me, por favor.

nota: este texto é o segundo de um conjunto, denominado «no topo», de 29 Novembro 2012, ilustrados por quatro topos de edifícios que tanto ornamentos como beleza simples têm.

LÊ TAMBÉM:

0 comentários

Partilha comigo a tua opinião!