ao deus dará I

janeiro 22, 2012

Fomos para a estação de comboios de Faro. Eu e o meu companheiro de sempre. Queríamos uma aventura barata, e lá encontrámos um destino chamado Fuseta. A 15 minutos de Faro, o que será isto?
Entrámos no comboio e o D. escorregou nas escadas, bela forma de ir para a Fuseta! Sem sabermos o que é, até dá gosto pronunciar este nome.
Cheira a ração no comboio, vamos de costas para a linha, gente estranha no comboio. Será que a Fuseta é só um lugar perdido cheio de gente estranha?
Vem aí o revisor. Gostava de fazer um livro sobre estes momentos de fuga. E é isso mesmo que a Fuseta é: uma fuga, um sítio ao acaso para onde vamos fugir agora.
Ás vezes é bom, quase sempre é bom quando somos espíritos livres ansiosos por quebrar a rotina e quebrar tudo aquilo que nos envolve. Gosto quando a caneta está solta no papel e eu finjo que a domo com estes pensamentos. Posso não ter continuidade no meu pensamento ou até posso pensar que agora estou bem, posso até ter momentos em que não consigo expressar o que sinto, mas agora estou apenas a desfrutar do resultado de ontem. Agora posso respirar fundo!
Estamos um bocado perdidos, deixamos guiar-nos pelo rumo que o comboio leva porque melhor que nada só ele conhece o verdadeiro sentido dos carris.
Num azulejo meio apagado e que já ali está há quantas vidas pode-se perceber «Olhão» e um dia voltarei a esta estação, também numa tentativa de fuga.
O revisor vem aí outra vez, triste vida esta! Pica milhares de bilhetes o dia inteiro, quantos milhares de caras vê ele todos os dias? Quantas centenas de vezes ele sente atração pelos passageiros? Quantas dezenas de olhos ele olha diariamente? Já deve conhecer o oscilar da carruagem de cor. E já nem deve apreciar as mil paisagens que vê por dia porque simplesmente está farto de vê-las.
Lugar 72 neste comboio rumo à Fuseta, o cheiro a ração já se dissipou ou então foi agarrado àqueles que desceram em «Olhão». Espero que a Fuseta tenha mar, a sério!

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